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Nunca se procurou tanto aplicar em papéis do governo via Tesouro Direto. Veja se vale a pena este tipo de investimento e se você tem o perfil adequado

Você já pensou em investir em papéis do governo no Tesouro Direto porque ouviu falar, mas não sabe como? Se sim, a primeira coisa a fazer é se informar. Afinal, cada vez mais esta opção de se populariza: são hoje 220 mil clientes cadastrados no Tesouro Direto, que movimentam um patrimônio de R$ 25 bilhões.
A procura em alguns bancos pelo Tesouro Direto cresceu até 40% no ano passado em relação a 2014. “O que tornou o Tesouro Direto popular é que o canal de aplicação ficou mais fácil, a liquidez hoje é diária e não há carência para o resgate ao contrário de outras aplicações”, afirma Aguinaldo Barbieri, gerente executivo de mercado capitais do Banco do Brasil (BB).
Barbieri explica que a aplicação nada mais é do que uma forma de o governo atingir diretamente a pessoa física ao vender papéis da dívida pública. “Uma espécie de democratização de acesso a esses papéis, que antes eram privilégio dos bancos”, diz o executivo do BB.
O primeiro passo para se investir no Tesouro Direto é acessá-lo por meio de um banco ou corretora de valores credenciados. Isto ocorre porque você, pessoa física, só pode comprar ou vender um título público por meio dessas instituições. Elas são uma espécie de intermediárias na negociação, cujo papel é orientar, concretizar e guardar o papel para você de acordo com normas pré-determinadas, a chamada custódia.
O próprio Tesouro informa em seu site quais são as instituições habilitadas e quanto cobram pelo serviço. Na ponta do lápis, fazer as contas e ver quem cobra mais ou menos para o que você deseja pode fazer toda a diferença na hora de verificar o rendimento.
Aplicação inicial e liquidez
Pode-se aplicar pequenos valores no Tesouro Direto a começar por R$ 30,00 e não há limite para valores. Uma vantagem que passou a valer desde o primeiro trimestre de 2015 é que agora a liquidez é diária e não mais semanal. Isto quer dizer que você pode sair da aplicação vendendo seu título de volta para o Tesouro quando bem entender. Mas há um detalhe importante: se você optar por não levar adiante a aplicação até seu vencimento você eventualmente pode perder dinheiro.
Para entender se você vai ganhar ou perder é preciso antes de tudo compreender o que você está comprando, diz Barbieri do BB. Hoje, são três títulos na prateleira do Tesouro que você pode escolher:
1 – LFT: Letras Financeiras do Tesouro, que pagam a variação da taxa de juro Selic, que é fixada pelo Banco Central. São papéis de baixo risco por estarem atrelados à taxa de juro. Na terça-feira, 19, o Tesouro oferecia LFTs com vencimento em 2021.
2 – NTN-B: Notas do Tesouro Nacional série B, que pagam a taxa da inflação no período (IPCA) mais uma taxa de juro dependo do prazo e vencimento do papel. Na prática, você garante que seu dinheiro não vai ser corroído pela inflação e ganha um juro ao ano, que varia hoje entre 6,5% a 7,47% ao ano, dependendo do vencimento do papel (de 2019 a 2050).
3 – LTN: Letras do Tesouro Nacional, que são papeis prefixados, isto é , você já sabe previamente quando vai ganhar. Na prática embutem a taxa de juro e o indexador no período, uma espécie de aposta nesses indicadores. Na terça-feira pagavam de 16,12% a 16,50% ao ano.
O que eu tenho de pagar?
São duas as taxas cobradas para quem aplica no Tesouro Direto: a chamada corretagem e a taxa da BM&F/Bovespa. Algumas corretoras podem cobrar também para movimentar seu dinheiro do Tesouro para conta corrente e vice-versa, mas isto deve ser visto caso a caso e vai depender de quanto você vai investir.
A corretagem nada mais é que o ato de custodiar, guardar o título em seu nome. Esta taxa oscila de uma instituição para outra, mas em média gira em torno de 0,5% ao ano sobre o que você investir. E é cobrada semestralmente. Já a taxa da BM&F/Bovespa é de 0,30% ao ano sobre o que você comprou ou vendeu, e é fixa para todos. Para se ter uma ideia: se você comprou R$ 100,00 em títulos vai pagar R$ 0,80 em custódia e taxa. Se comprar R$ 1.000,00 pagará R$ 8,00 em um ano.
Qual o risco?
Há risco como em qualquer aplicação, mas ele é mais sutil na visão dos especialistas. Isto porque você está investindo em papéis do governo, que supostamente não vai quebrar já que tem a garantia do Tesouro Nacional.
O problema é se você resolver vender os títulos antes do vencimento por um motivo qualquer. Uma regra simples que deve ser observada é ficar atento ao Banco Central e como vai ser o comportamento da taxa de juros no futuro. Se a aposta é de que os juros vão subir no Brasil, é provável que você perca rentabilidade se vender antes. E o contrário é válido: se a aposta é de que os juros caem, vender antes pode garantir um rendimento maior.
Para Barbieri do BB, uma atitude clássica e recomendável é diversificar. “O ideal é você ter algum recurso no Tesouro, em renda fixa, mesmo na poupança. Não colocar tudo em um cesto só”, afirma o executivo.

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