Pular para o conteúdo principal

Dinheiro e família: casamento não é “morar em república”

Conflitos de valor

Na mente da leitora que nos enviou seu e-mail, prover uma boa educação para o seu filho, que está com 9 anos, é fundamental para que ele tenha melhores condições de buscar mais qualidade para sua vida no futuro.
A repulsa da esposa é causada por um conflito de valores: no seu entender, a educação do filho é muito mais valiosa do que o carrão do marido; este, por sua vez, discorda da esposa. Aparentemente, ambos têm prioridades diferentes.
Ele tem o pensamento ainda comum de que “escola é tudo a mesma coisa”, com apenas algumas diferenças nas instalações, que são mais “cheias de frescuras”, conforme descrito na mensagem que recebi.
Vamos ponderar: embora o marido defenda que seu filho deva estudar em uma escola pública para gerar economia de dinheiro, ele possui um carro usado cujo valor está em torno de R$ 40 mil, fora o que gastou com acessórios de todo tipo (a lista é bem extensa, segundo o relato).
Vamos fazer umas continhas rápidas?
  • Depreciação média do carro, de 10% ao ano: R$ 4 mil;
  • Seguro anual: R$ 2 mil;
  • Manutenção anual preventiva (revisões): R$ 1 mil;
  • Pequenos reparos durante o ano ou equipamentos extras (afinal, o carro é tunado): R$ 2 mil;
  • Combustível (por ano): R$ 3 mil;
  • Lavagem (por ano): R$ 400,00.
Nessa amostra estimada, entre depreciação e gastos, já temos pouco mais de R$ 12.000,00, ou R$ 1.000,00 por mês. Detalhe: a família mora no interior e a atual escola do filho custa R$ 520,00 mensais.

O mais importante nestes conflitos: a definição das prioridades

Com estas colocações que fiz, não estou defendendo que o marido deva vender o carro e andar a pé com sua família; também não acho errado ele ter o carrão dele ou o filho estudar em escolas públicas. Não existe certo e errado; existem escolhas e consequências.
Não se trata de julgamento de valores ou apontamento de falhas, não é esta a questão. O ponto central para pensar aqui é outro: as prioridadesO que realmente é relevante para você quando decide onde vai usar/investir seu suado dinheiro?
Você e eu temos total liberdade para utilizarmos nossos recursos como desejarmos, mas o importante é que experimentemos uma sensação de paz depois de tomarmos nossas decisões.
Chegamos a um momento crítico da leitura: no caso de decisões que envolvem a família, esta paz precisa ser experimentada por todos. Por toda a família!
“Ok Navarro, mas qual é a sua opinião sobre isso? Ele deve vender o carro e andar a pé ou buscar um equilíbrio, trocando o carro por outro mais barato”? Calma, eu sei que esta questão ainda permanece na sua cabeça.
As pessoas sempre me perguntam se é certo ou errado comprar isso ou aquilo. Eu volto a insistir que não há certo e errado em finanças. Tudo depende de seus objetivos e de sua visão de curto, médio e longo prazo.
Não, eu não estou “em cima do muro”. A verdade é que só você sabe o que é importante para você. Tenha em mente que algumas soluções podem significar abrir mão de algo temporariamente para melhorar depois.
O carrão pode ser essencial para a alegria e completude do marido, mas a filha recebendo a educação desejada pela esposa também deveria ser. O que é importante para um precisa ser respeitado pelo outro.
Por que não buscar também uma fonte de renda extra para aplacar o investimento na educação e ainda os custos com o carrão? Sentar, conversar, ouvir, planejar, se um casal não for capaz de fazer isso, é porque o conceito de família ainda não existe na prática. Casamento é muito mais do que “morar em república”.

Conclusão

O cotidiano financeiro é bem simples: você pode fazer o que quiser com o seu dinheiro, mas precisa lidar com as consequências de suas decisões. Quando somos capazes de dedicar tempo e recursos para nossas prioridades, lidar com essa coisa de causa e efeito fica bem mais fácil e enriquecedor (em todos os sentidos).
Reflita pensando nas coisas que são realmente importantes para você, mas não se esqueça das prioridades de sua família. Juntos, vocês são mais fortes, e isso é uma grande riqueza! Um grande abraço e até a próxima!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Como criar o hábito de gerenciar as finanças da empresa?

             Não há dúvidas: é bem difícil que uma pequena ou média empresa sobreviva se não tiver um controle sobre as finanças, o que obriga o empreendedor a aprender e realizar um bom gerenciamento do caixa, da receita e dos gastos. Sem esse olhar sobre o empreendimento, qualquer investimento que se faça em produto, divulgação, comunicação ou mão de obra será perdido ou, pelo menos, prejudicado.             É importante criar uma rotina para que o controle das finanças da empresa esteja naturalmente sob o domínio constante do gestor. Uma ação como essa evitará surpresas desagradáveis e problemas futuros na organização.             Infelizmente (ou felizmente), ainda não existe um segredo para que se alcance essa gestão controlada. O que se tem é trabalho árduo, muita paciência e uma visão detalhada de todo o processo (os detalhes são fundamentais para a melhora da situação). ...

4 ideias de negócio "copiadas" de outros países que estão fazendo sucesso no Brasil

Você já ouviu falar em  copycat ? O que é isso? Um desenho animado? Um novo super-herói? Um prato exótico? Nada disso!  Copycat  é uma expressão em inglês que, no mundo do empreendedorismo, quer dizer copiar um modelo de negócio já testado e aprovado em outro país, trazendo-o para um país que ainda não o conhece. “Aquela máxima de que ‘nada se cria, tudo se copia’ também se aplica ao mundo dos negócios. Nesse sentido, os empreendedores buscam o que está dando certo e tentam adaptar para a nossa cultura” , analisa Alessandra Andrade, coordenadora do Centro de Empreendedorismo da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap). Foi com essa estratégia que conhecemos, por exemplo, em 2010, os sites de  compras coletivas . Quando chegou ao Brasil e virou uma febre, o modelo já fazia sucesso lá fora. Por aqui, a aceitação foi tão boa que outros brasileiros decidiram fazer  copycat  do  copycat , e logo o Peixe Urbano, o precursor do modelo no Brasil, ganh...

Como a Netshoes transformou-se em um fenômeno do e-commerce brasileiro

Françoise Terzian Divulgação Em 2000, os primos descendentes de armênios Marcio Kumruian e Hagop Chabab abriram uma loja de sapatos na Rua Maria Antônia, a poucos passos da Universidade Mackenzie (SP). Dois anos depois, eles resolveram investir no comércio eletrônico. No primeiro mês, não venderam um único par de calçados. No segundo, idem. No terceiro, venderam um par. Já no quarto, dois. De repente, sem o mercado perceber, a Netshoes transformou-se em um fenômeno do e-commerce. Quando sua presença foi sentida, ela já era grande demais. Hoje, o negócio que tem vários investidores internacionais como o GIC (fundo soberano de Cingapura) e o International Finance Corporation (membro do Grupo Banco Mundial), é o maior comércio eletrônico de artigos esportivos do mundo, segundo o Internet Retailer. Com atuação no Brasil, na Argentina e no México, a Netshoes tem mais de 2 mil colaboradores e cerca de 40 mil artigos esportivos provenientes de 300 marcas, além de cerca de uma dezena d...