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5 Maneiras de Empreender, mesmo sendo empregado

Aos 30 anos de idade, minha experiência como trabalhador de carteira assinada é bastante curta: cerca de 4 anos.
A tendência, de acordo com meu planejamento, é abandonar de vez a CTPS, nos próximos anos, por conta de projetos pessoais.
Por isso, baseado em minha vivência enquanto empregado, gostaria de falar sobre algumas atitudes empreendedoras que podem ser realizadas dentro de uma empresa, sem que isso afete as obrigações de um funcionário.
A ideia é mostrar ao empregado de carteira assinada que ele pode ter autonomia e pensar como “patrão”, para benefício próprio, sem deixar de lado os compromissos que seus chefes exigem e, ao mesmo tempo, agindo como um profissional exemplar.

Meu “breve” histórico

Sou professor na Educação Básica há quase 3 anos, em colégios e cursinhos preparatórios para vestibular (mais focado em Literatura e Arte, mas também dou aulas de Português e Redação).
Antes, fui agente de registro de uma empresa de certificação digital por 1 ano. Fora isso, minha CTPS não havia sido usada.
Levei cerca de 6 anos para terminar minha passagem por uma Universidade Federal, fiz mestrado e graduação, onde recebia bolsas de estudo por conta de ser pesquisador, ir a eventos, publicar artigos e trabalhos.
Na adolescência, dei aulas particulares para vizinhos, trabalhei como costurador de cintos, fui auxiliar de entregas no restaurante de um tio e trabalhei com meu pai, por 4 anos, na sua sapataria (onde fazia de tudo, do atendimento ao conserto de calçados, passando pela área de vendas e entregas).
O fato de não ter carteira assinada nunca foi sinônimo, no meu caso, de estar desempregado, sem ocupação ou sem dinheiro.
Talvez eu não seja o modelo de sucesso que todos esperam ler, como alguns autores que fazem vídeos online, nos quais aparecem jogando dinheiro na mesa, ostentando com helicópteros, top models, champagne, carros importados, mansões etc.
Por outro lado, como diz o ditado “Ninguém sabe tanto que não possa aprender e nem tão pouco que não possa ensinar”, e estamos aí.

1) Saiba qual é o modelo de negócio da empresa e empreenda em paralelo

Uma das coisas que sempre observo e tenho em mente é o objetivo principal e o modelo de negócio da empresa onde trabalho.
Uma empresa de certificado digital, para ser viável, tem que aumentar o número de certificados vendidos. Uma escola, da mesma forma, o número de alunos.
Enquanto empregado, ao contribuir com essas ações, meu dever será cumprido. Porém, não é preciso parar por aí.
Ao observar, por exemplo, que alguns clientes precisam de serviços ou produtos que estão fora do escopo da empresa em que você trabalha, mesmo sem estar no papel de funcionário, ao ajudar, oferecendo serviços ou produtos que complementam o foco de sua empresa, você estará melhorando sua relação com os clientes e empreendendo.
No meu caso, já dei aulas particulares, fiz revisão de textos e prestei assessoria para alguns clientes dos meus chefes.

2) Não faça apenas o que é ordenado

É muito comum perceber que seus patrões não melhoram a sua situação e com isso você fica relaxado, apenas executando as ordens estabelecidas, sem trazer algo diferenciado.
Conheço muitos “profissionais” que, insatisfeitos com a rotina, “empurram o emprego com a barriga” e se limitam a fazer apenas o básico, quase que como um robô, repetidamente.
O problema é que, além de fazer um trabalho mal feito, esses funcionários tendem a ser descartados facilmente.
Assim, se você quer manter uma postura de empreendedor, faça o básico, com excelência, mas seja único, indispensável, na maneira de oferecer esse serviço, na experiência que você proporciona aos clientes.
Enquanto professor, sempre trabalhei bastante o marketing e a divulgação online dos meus projetos, através da publicação de vídeos e textos que reforçam meu comprometimento com as disciplinas que leciono(ei) e as instituições onde trabalho(ei).
Além disso, sempre procurei propor dinâmicas e aulas que não ficassem apenas na repetição de ensinamentos estabelecidos e ultrapassados. O intuito era dialogar com o mercado e a contemporaneidade, para além das paredes da sala de aula, a fim de preparar o estudante para a vida real.

3) Empreenda: antes, durante e depois do horário de serviço

Não basta ser exemplar apenas durante o horário de serviço, no período registrado pela máquina ou caderno de ponto.
É preciso assumir um compromisso diário, independentemente do horário, seja através da busca por capacitação pessoal (cursos, leituras, viagens, estudos etc.), seja via melhoria no relacionamento interpessoal (parcerias, conversas, apoio etc.) com os clientes, chefes e colegas de serviço, para além do ambiente de trabalho, de acordo com as suas necessidades.
Esse conhecimento social, ao lado da contínua busca por aperfeiçoamento técnico, é imprescindível para o seu sucesso dentro da própria empresa e para além dela.
No meu caso, investi em mais duas graduações, uma com foco específico em minha área de atuação, e venho trabalhando parcerias e projetos que garantem o envolvimento dos diversos atores que fazem parte do universo das empresas por onde passei.

4) Aprenda a ouvir, para melhorar sempre

Quando comecei a dar aulas na educação básica, minha voz quase não saía, eu era muito tímido. Foi preciso uma conversa com a coordenação, para melhorar minha postura diante da classe.
Com o tempo, a dinâmica das minhas aulas foi se aperfeiçoando. Ainda preciso melhorar muita coisa, mas tenho me esforçado para resolver um problema: chamar a atenção dos alunos e dar uma aula mais interessante do que a interação com os dispositivos que eles têm em mãos (a saber, smartphones conectados à Internet, com aplicativos de sociabilidade – Whatsapp, Facebook, Instagram etc.).
Todo professor sabe que é um desafio lidar com isso. Uma tentativa de amenizar esse problema foi incluir essas tecnologias em minhas aulas, via trabalhos e dinâmicas, tentando, sempre, aprender quais são os hábitos dos meus alunos, que aplicativos usam, a quais programas assistem etc.
Ao fazer esse tipo de pesquisa informal, até minha linguagem se modificou e sinto que há uma proximidade maior entre as partes.
Isso a gente só aprende na prática diária, não há um manual para resolver quais ações são ou não efetivas. As pessoas são imprevisíveis, ainda mais esses jovens.
É preciso, pois, saber ouvir e tentar ser flexível no dia a dia. Em outras palavras, isso envolve uma coisa chamada resiliência.
Com resiliência, você aprende a ouvir melhor as necessidades dos seus clientes, chefes e colegas e é capaz de contribuir de maneira eficiente no cotidiano da empresa, a fim de garantir seu crescimento pessoal e ajudar melhor quem depende do seu serviço.

5) Se observar que você não vai crescer ali, saia da empresa

Mesmo sendo um funcionário exemplar – que está a favor dos objetivos da empresa, é capaz de oferecer uma experiência incrível aos seus clientes e procura ser um empreendedor atento, 24 horas por dia, com um ótimo ouvido, disposto a se adaptar, por conta das necessidades dos seus chefes e público-alvo – você precisa pensar, de fato, como um empreendedor.
Não perca seu tempo tentando levar adiante o sonho de alguém que não valoriza o esforço que você faz. Busque, a princípio, negociar seu posicionamento na empresa, através de aumento de salário, reconhecimento ou melhorias diversas.
Se isso não for possível, faça um favor à empresa e ao seu futuro: abandone o barco. Assim, talvez a empresa aprenda com esse turnover, e implante melhorias aos que ficaram, e você possa encontrar a oportunidade de que precisava para montar seu próprio negócio ou conseguir uma vaga em uma empresa que valoriza melhor seu tempo e expertise.

DICA BÔNUS: Antes de tudo, seja honesto com você mesmo

Ao ser honesto com você mesmo, é possível focalizar as coisas que te fazem bem e, assim, não é preciso fazer algo apenas para agradar ou cumprir um dever.
Se, de repente, você está num emprego apenas porque precisa do dinheiro, isso não vai ser o suficiente para mantê-lo ali e todo o seu esforço de adaptação ou capacitação talvez esteja sendo direcionado para o lugar errado.

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