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Cometemos erros financeiros similares aos que nossos pais praticaram

O começo do ano é sempre uma oportunidade única para repensar alguns pontos de nossas vidas.
É hora de analisar oportunidades, de ouvir amigos e procurar conversar com pessoas que confiamos. É um momento especial, onde a calmaria predomina, e os pensamentos e projetos podem ser organizados.
A última semana foi bastante intensa para mim, para aproveitar justamente a calmaria, fizemos uma mudança, saindo de um apartamento para uma casa.
No dia da mudança, tive a chance de conhecer um rapaz, que trabalha na empresa que contratei para ajudar a transportar meus móveis. Nas pausas entre as atividades, tivemos a chance de conversarmos.
Ele está a pouco tempo em São Paulo. Morava em Balneário Camboriú (um paraíso na terra, quem não conhece deve conhecer), veio para “Sampa” buscar uma oportunidade de trabalho, visto que a empresa que trabalhava faliu e ele ficou bastante tempo sem emprego.
No final do ano passado, convidado por um irmão, veio para a “Selva de Pedra” e percebeu que poderia não ter emprego, mas trabalho não faltava. Assim, aceitou o trabalho de “ajudante de mudanças”.
Ele percebeu que com um pouco de disposição, tinha jeito para trabalhos manuais e com isso, está conseguindo se manter e já pensa em construir um futuro melhor.
Ele me chamou a atenção para uma questão interessante, e parafraseando a música “Como nossos pais” de Belchior, que foi eternizada pela interpretação da saudosa Elis Regina, soltou a seguinte afirmação “o mundo mudou muito rápido, hoje não podemos procurar trabalho e oportunidades como os nossos pais”.
Na hora, veio um estalo em minha mente e pensei que esse tema seria uma ótima oportunidade de falar sobre o assunto aqui no Dinheirama.

Transformações e deficiências de um país sem cultura

Todas as mudanças de uma maneira ou outra, em um primeiro momento acabam sendo traumáticas. A forma como lidamos na hora de planejar as transições é fundamental. Antecipar e tentar fechar as lacunas (problemas) já com soluções é indispensável.
No Brasil estamos distantes de ter uma cultura de educação financeira. A falta de conhecimento nos leva a pedir informação para aquelas pessoas que confiamos e que certamente oferecerão suas melhores experiências. Nesse caso, até por conta da vivência, costumamos buscar o apoio de nossos pais.
O que em um primeiro momento parecia ser o melhor, se torna o início de um grande problema. Afinal, com as mudanças rápidas no país, avanços aconteceram em nossa economia (ao longo da últimas décadas), e aquilo que era natural para quem estava acostumado com o passado (mesmo que recente), nos dias atuais não faz mais sentido.

Décadas de 70 e 80 outra realidade ou mundo

Muitos de nossos pais, nasceram e cresceram no meio das décadas de 70 e 80. Esse período foi marcado por uma série de questões que foram extremamente difíceis, e o centro de tudo foi a hiperinflação.
Naquele período de tempo, o pequeno investidor praticamente só tinha acesso à caderneta de poupança. Aqueles que possuíam um pouco mais de dinheiro, seguiam o senso comum e investiam em imóveis, até como uma forma de se proteger, pois o peso da inflação sobre cimento e tijolos não era tão nefasta.
Vivendo naquele ambiente conturbado e caótico, as pessoas só tinham uma alternativa: gastar e consumir o mais rapidamente possível. Às vezes, os produtos subiam da noite para o dia, ou até no mesmo dia.
Só em 1994, com o advento do Plano Real, a economia do Brasil entrou em um período de “estabilidade” e a partir de então, planejar as finanças passou a ser algo viável.

Mudanças e mais mudanças

As mudanças começaram a acontecer em uma grande velocidade, e com o advento da internet o país se abriu e começou a oferecer uma série de produtos que não faziam parte do conhecimento da maioria das pessoas.
Se hoje em dia o acesso aos bancos é alto, antes pouquíssimas pessoas conseguiam ter a chance de efetivamente trabalhar com bancos e conhecer de perto os produtos que eles começaram a oferecer. Ainda assim, as pessoas continuavam acreditando que investimento seguro era caderneta de poupança ou imóveis.

Crescimento econômico

Durante o governo Lula, o país experimentou um crescimento que, analisando hoje, não foi sustentável. As pessoas começaram a consumir com o crédito fácil e caro, e com a melhoria na renda, não passaram a valorizar o crescimento de mesma.
É verdade, existia uma demanda por consumo reprimida, mas o próprio governo se esforçava em apostar no consumo interno e não na formação de poupança como estratégia.
Nesse meio tempo, as pessoas continuavam desinteressadas em conhecer outros produtos para investir, como é o caso do Tesouro Direto, que teve seu início durante esse período.
É hora de mudar e fazer melhor do que nossos pais. Tenho certeza que a maioria deles são dignos de aplausos. São heróis, pois sobreviveram a um país muito mais complicado do que o atual. É claro, as coisas mudam e hoje existem outros problemas como a violência, que está muito mais presente no nosso dia a dia.
Quero apenas chamar sua atenção para o fato que nossos pais cresceram sem nenhum tipo de acesso à educação financeira, diferentemente de você.

É seu dever dar um salto em busca da informação e do novo

É o momento de observar a economia e entender as transformações que tem surgido ao longo do tempo, tanto no cenário econômico, quanto no ambiente de trabalho. Inclusive, existem empresas que hoje apostam “no ser e não no ter”, como é o caso do Airbnb, Uber, entre outras.
É importante começar a olhar além do óbvio, experimentar o risco em momentos importantes da vida e perceber que um pouco de ambição é indispensável. Comece devagar, aposte no seu aprendizado, na troca de ideias com a família e amigos próximos, e mesmo que encontre resistências, tenha como principal aliado a persistência.

Conclusão

Todos nós queremos oferecer aos nossos filhos o que não tivemos. Nem sempre essa observação se dá a partir de mais conforto ou posses. Às vezes, o que de fato se precisa, é um ambiente mais voltado para o diálogo e o incentivo ao crescimento e ao trabalho duro.
Talvez, os pais, com as melhores intenções, acabem por cercar e proteger os filhos. Sem querer acabam por travar suas chances de crescer.

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