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Onde Investir com o Aumento dos Juros?

 

Muitas pessoas têm dúvida sobre onde investir seu dinheiro para maximizar rendimentos. Entretanto, essa é uma questão que depende de contextualização.

Por isso, para começar este artigo, é preciso dar um pouco de contexto. Antes de mais nada, ele está sendo escrito alguns dias após o Banco Central elevar a taxa Selic de 2,00% para 2,75% ao ano.

Essa é a primeira alta da Selic em seis anos e trata-se de um evento significativo. Afinal, pela primeira vez, em tempos recentes, tivemos “taxa de juros de primeiro mundo”.

Ainda que essa taxa de juros baixa tenha ocorrido por um motivo que não é dos melhores (a pandemia da COVID-19), ela mudou bastante coisa no mundo dos investimentos.

Em outras palavras, por conta da pandemia (e de seus impactos econômicos), o governo resolveu “pisar fundo no acelerador” da redução de juros.

Dessa forma, a Selic foi levada a níveis anormalmente baixos para a realidade brasileira. Como resultado, muita gente abandonou a renda fixa e partiu para a Bolsa.

Entretanto, parece que, agora, a economia brasileira “espanou”. Em primeiro lugar, a inflação começa a dar sinais de alta.

Além disso, nos últimos meses, um assunto obscuro do mundo das finanças passou a fazer parte de conversas cotidianas: a inclinação da curva de juros.

Mas como isso afeta esses investimentos? Qual o melhor lugar para se investir agora? Vou responder essas perguntas ao longo deste texto. Então, me acompanhe.

Onde Investir com o Aumento dos Juros - Dinheirama
Crédito: Pexels

A inclinação da curva de juros

A tal “curva de juros” é como o mercado se refere à estrutura a termo da taxa de juros dos títulos federais.

É ela que mostra como as taxas de juros dos títulos públicos (que são a referência de risco do mercado), de diferentes vencimentos, se comportam ao longo do tempo.

O que vimos, durante todo esse período de “Selic a 2%”, foi uma grande inclinação. 

Tivemos taxas altas nos prazos mais longos, o que refletia a desconfiança do mercado com essa situação. E, consequentemente, a percepção sobre onde investir para ter maior rentabilidade.

Tesouro Selic negativo

A desconfiança do mercado com os juros baixos chegou a tal ponto que presenciamos uma situação bizarra. O Tesouro Selic (LFT) dando retornos NEGATIVOS!

Isso por causa do tal “spread”. Aquele número que aparece ao lado da taxa no Tesouro Direto, e que ninguém dava bola, sabe? 

Os agentes econômicos estavam se recusando a comprar novos títulos (para financiar o governo) se não houvesse um “algo a mais” para compensar o risco.

Entrando no “limbo dos investimentos”

Neste exato momento, o investidor está em uma situação estranha. Sem saber onde investir e com aquela sensação de não ter “para onde correr”.

Em circunstâncias normais, quando os juros caem, investimentos como ações e títulos prefixados tendem a ficar atrativos. 

E, de forma inversa, quando juros sobem, a atratividade vai para os títulos pós-fixados indexados a taxas de juros. Como a própria Selic e o DI (Depósito Interfinanceiro).

Porém, estamos em um momento que é um “limbo dos investimentos”. O aumento da Selic não foi grande o suficiente para dar REAL atratividade à renda fixa pós-fixada. E pode ser,

inclusive, que isso não aconteça.

Mas, por outro lado, esse aumento (pelo seu significado) causou uma verdadeira onda de choque nos títulos prefixados.

Isso porque eles sofrem com o aumento de juros, afetados pelo efeito da duration. Ou seja, por conta da sensibilidade dos títulos às oscilações dos juros do mercado.

Onde Investir com o Aumento dos Juros - Dinheirama
Crédito: Pexels

Quando há uma alteração na taxa de juros, as pessoas perguntam “onde investir agora”?

Em geral, existem respostas óbvias para esta pergunta. Bolsa e prefixados quando os juros caem; pós-fixados e dólar quando os juros sobem. 

Porém, a bolsa já está em níveis bastante altos, considerando os impactos da pandemia na economia real. E os pós-fixados, provavelmente, não vão dar aquela “alegria” que um dia já deram.

Onde investir com o aumento dos juros?

Ao menos por algum tempo, podemos ficar sem muita clareza sobre onde investir. E sem ter informações para traçar algum movimento tático.

Ir para a renda fixa prefixada, com expectativa de mais aumentos de juros, é loucura. 

Já direcionar os investimentos para a bolsa pode ser uma aposta ousada (e de risco exageradamente alto para alguns).

Apostar nos pós-fixados, que seria o caminho natural em outras circunstâncias, não vai ajudar muito.

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